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Título: UDP/ União Democrática Popular
Nº 101
Anunciante: UDP - União Democrática Popular
Tipografia: Desconhecida
Local de Impressão: Desconhecido
Data de Impressão: 1975
Dimensões (cm): 63x90
Tiragem: Desconhecida
Cor: P/B
Assunto: UDP - União Democrática Popular
Programa eleitoral
MFA
Eleições para a Assembleia Constituinte
António Spínola
Nixon
Brejenev
Género: Doutrina político-eleitoral
Tipo de Cartaz : Jornal de parede
Impressão: (Heliogravura)
Artista: Incógnito
Autor do Texto: Incógnito
Arquivo: Comissão Nacional de Eleições
Observações ou identificação da fonte:
Comissão Nacional de Eleições, cota nº CNE-CT - 67/A-5
Transcrição do texto:
Neste momento, de toda a parte procura-se virar as atenções populares para as eleições à Constituinte, como se fosse essa a chave do bem-estar e de uma democracia verdadeira.
A UDP surge para dizer ao povo operário camponês: Não são as eleições que vão mudar a nossa vida. A igualdade do direito de voto assente nas desigualdades sociais é uma burla. Aqueles que dizem à classe operária que vote e que não se preocupe com o resto são agentes da burguesia que querem cozinhar tranquilamente as leis que convêm ao capital. Iremos votar, sim, para pôr à prova os partidos e os seus programas, mas não nos esquecemos que a decisão do nosso destino está na luta contra o capital e que as eleições não são mais do que um episódio nessa luta.
A UDP não vem adormecer-vos com promessas eleitorais, mas propor o seu programa de luta porque hoje, como ontem, como amanhã, é a luta de classe a única estrada que conduz os explorados e oprimidos à libertação.
Camarada operário! Camarada camponês!
Camaradas soldados e marinheiros!
Empregado, estudante ou intelectual que desejas servir a causa do povo!
Este é o nosso programa de luta.
Precisamos da tua adesão à UDP, do teu trabalho organizado num núcleo UDP, da tua acção numa fábrica, no sindicato, no bairro, no quartel para ajudar a consolidar o bloco popular revolucionário ! Precisamos da tua ajuda financeira para divulgarmos o programa da UDP! Precisamos do teu voto nas eleições para dar a conhecer que existe uma corrente popular revolucionária em Portugal!
Ajuda-nos a pôr de pé a UDP, a frente combativa dos explorados e dos oprimidos!
Ajuda-nos a dar novo impulso à luta popular durante a próxima campanha eleitoral e para além dela!
Ajuda-nos a tornar mais próxima a reconstrução do Partido Comunista, a vanguarda organizada da classe operária destinada a conduzir o nosso povo ao derrubamento do capitalismo!
Viva a classe operária! Viva a aliança operária camponesa!
Viva a Democracia Popular e o Socialismo!
Em frente com a UDP!
A UDP alerta. Se alguém vos oferecer uma revolução pacífica podemos estar certos de que é falsa! Meio século de fascismo não pode ser varrido com um pronunciamento militar, umas tantas prisões e umas tantas demissões. Vigilância camaradas!
UNIDADE! – à medida que os trabalhadores manifestam o seu descontentamento pelo caminho que levam as coisas, o Exército e os partidos da coligação procuram tapar-lhes a boca com o apelo «Unidade para não deitar a perder a liberdade! Quem enfraquece a unidade serve a reacção!». Mas a classe operária já aprendeu a perguntar: Unidade sim, mas à volta de quem?
À volta dos que querem levar a luta antifascista até ao fim, ou à volta dos conciliadores oportunistas e falsos democratas!
A NOSSA POLÍTICA ANTI-IMPERIALISTA
- Nem NATO nem Pacto de Varsóvia! Não precisamos cá de bandos de espiões americanos e russos à sombra das embaixadas. Rua!
- Os americanos, alemães, ingleses e franceses fora das bases em território nacional. Lajes, Ovar, Beja, Montijo, Marco do Gril, Tróia e Flores.
- Denunciemos a partilha do mundo pelas duas super-potências que conduz às guerras de agressão e a uma 3ª guerra mundial.
- Aliança de Portugal com os países do 3º Mundo para se defender da exploração e da agressão do imperialismo americano, do imperialismo europeu e do social-imperialismo russo!
- Apoio aos povos espanhol, brasileiro e chileno em luta contra o fascismo! Apoio a todos os povos oprimidos e explorados pelo imperialismo!
- Corte das relações com a Formosa, reconhecimento da República Popular da China!
- Fortalecimento dos laços de amizade entre o povo português e os povos da China, Albânia e Vietname!
[Legenda da fotografia]: NIXON-BREJNEV: A PARTILHA DO MUNDO COM SIMPÁTICOS SEGREDINHOS
A NOSSA POLÍTICA ANTI-FASCISTA
- Activemos as assembleias de trabalhadores para correr com os fascistas! O saneamento em gabinete é uma burla! Contra a dança dos saneados a saltar de uma empresa para outra!
- Nem mais um fascista para a rua! Julgamento para os pides à vista de todos e já!
- Controlo popular sobre os desmantelamentos da Pide e das organizações fascistas! Os arquivos da Pide não são propriedade de nenhum partido, devem ser destruídos!
- Contra as perseguições à imprensa popular! Supressão da imprensa fascista!
- Contra a repressão nos quartéis! Liberdade para os soldados presos! Direito de reunião e de organização para os soldados e marinheiros! Abaixo o RDM fascista!
- Contra as restrições à liberdade de reunião de associação e de manifestação!
- Abaixo a nova polícia Territorial que é uma máquina aperfeiçoada para reprimir o povo!
- Não consentiremos que os fascistas votem nas eleições!
- Criemos por toda a parte grupos anti-fascistas UDP para activar a luta e a vigilância popular!
[Legenda da fotografia]: NÃO ERA POR ACASO QUE SPÍNOLA RECEBIA CONDECORAÇÕES DE FASCISTAS
Não queremos que a democracia recue, queremos que avance! É para que ela avance é preciso atacar a reacção. Democracia aos operários, repressão sobre os reaccionários, apontam os camaradas da LISNAVE
Os camaradas da LISNAVE já definiram em Setembro a táctica que convém à classe operária: «Estaremos com o MFA sempre que ele esteja connosco». Isto quer dizer independência operária! Direcção operária! Unidade à volta da classe operária! É esta unidade que a UDP defende.
Ainda quanto à via progressista e socializante do MFA, nós dizemos que não há via para o socialismo que não seja aquela que passa pela destruição violenta do estado burguês e pela instauração da ditadura do proletariado sobre a burguesia. Nesta via, que é a única possível e a única verdadeiramente revolucionária, não há nenhuma força política ou exército que consiga substituir a classe operária que, dirigida pelo seu Partido e apoiada pelos seus aliados principais, os camponeses pobres, saberá criar o seu próprio exército revolucionário que concretizará o triunfo da revolução.
Por fim queremos reafirmar o que dissemos relativamente ao MFA no nosso Manifesto Programa.
Consideramos que o papel chamado revolucionário do MFA já deu o que tinha a dar.
A nossa posição ao apoio a dar às propostas do MFA resume-se no seguinte: todas as acções desenvolvidas por ele que propiciem o avanço da luta revolucionária das massas contam com o nosso apoio, de contrário contam com a nossa firme oposição |